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O ciclo mitológico irlandês é um termo cunhado um pouco desatualizado[1] ainda usado para se referir coletivamente a uma antiga tradição literária envolvendo os povos divinos que supostamente chegaram em cinco invasões migratórias na Irlanda e principalmente narra os feitos do Tuatha Dé Danann[1].


Ele faz parte dos quatro grandes ciclos do início da tradição literária da Irlanda, sendo os outros: o Ciclo do Ulster, o Ciclo Feniano e o Ciclo histórico também conhecido como Ciclo dos Reis[1].



Visão geral |


Os personagens que aparecem neste ciclo são, essencialmente, deuses pagãos do período pré-cristão da Irlanda. Os comentaristas tinham porém, a cautela, de qualificá-los como representando apenas seres "divinos", e não como deuses. Isso ocorreu porque os copistas cristãos que compuseram os escritos tinham geralmente (mas nem sempre) o cuidado de não se referir aos Tuatha Dé Danann e outros seres mitológiocos como divindades. Os disfarces no entanto, foram velados e esses escritos contêm vestígios visíveis da cosmologia politeísta inicial irlandesa[1].


Exemplos de obras do ciclo incluem inúmeros contos em prosa, em versos, textos, bem como crônicas pseudo-históricas (principalmente o Lebor Gabála Érenn, comumente chamado de O Livro das Invasões) encontrados em manuscritos medievais de velino ou cópias posteriores. Alguns dos romances são de composição mais tardia e encontrados somente em manuscritos de papel que datam por vezes próximo era moderna (Cath Maige Tuired e O Destino dos Filhos de Tuireann).


Histórias mais recentes, como os Anais dos Quatro Mestres e A História da Irlanda de Geoffrey Keating (ou Seathrún Céitinn, Foras Feasa ar Éirinn) também são considerados, por vezes, fontes viáveis, uma vez que elas podem oferecer insights adicionais com suas versões anotadas e interpoladas dos textos do 'Lebor Gabála Érenn.


Transmitida oralmente estes contos folclóricos também podem ser, em um sentido amplo, considerados materiais do Ciclo Mitológico, nomeadamente, os contos folclóricos que descrevem o encontro de Cian com a filha de Balor ao tentar recuperar a vaca Glas Gaibhnenn.


Os povos divinos das sucessivas invasões são descritos como evemerismo, ou seja, como tendo habitado a ilha e governando a Irlanda antes da idade de homens mortais (os Milesianos, e seus descendentes)[2]. Em seguida, os Tuatha Dé Danann se recolheram ao Sídhe (montes das fadas), ocultando a sua presença através do aumento da féth fiada (névoa mágica)[3][4]. Depois desaparecerem, as divindades, muitas vezes, fizeram aparições em narrativas de outros ciclos. (Por exemplo, Lugh apareceu como o pai divino e Morrígan como nêmesis do herói de Ulster Cuchulainn)



Retalhos tardios |


As divindades evemerizadas chegaram em cinco ondas de migrações, mas nenhum conto sobre estas ondas sobreviveu intacto[5]. Somente de forma residual soubemos dessas ocorrências que foram resumidas através do Lebor Gabála Érenn (O Livro das Invasões). Além deste temos o conto de Tuan mac Cairill e o colóquio de Fintan mac Bóchra. Tuan e Fintan são seres Antediluvianos, que reincarnaram em criaturas diferentes e referidos no Lebor Gabála Érenn[3].


Dos contos de batalha, as narrativas da Primeira e da Segunda Batalha de Moytura (Batalhas de Mag Tuired) sobreviveram em manuscritos relativamente tardio do Século XVI[6]. Outros contos de batalhas importantes, como o Cath Tailten (Batalha de Tailten) ou Orgain Tuir Chonaind (Massacre da Torre de Conan) foram perdidos, embora abstraído no Lebor Gabála Érenn[5].


O romance Oidheadh Chloinne Tuireann ("O Destino dos Filhos de Tuireann") conta como Lugh cobra os filhos de Tuireann pelo assassinato de seu pai Cian, obrigando-os a recolher uma série de objetos mágicos e armas que serão úteis na segunda batalha de Mag Tuired contra os Fomorianos. Uma versão anterior a esta está registrado no Lebor Gabála Érenn, com uma listagem diferente dos objetos a serem resgatados, sem a indicação de que o assassinato aconteceu na véspera da grande batalha[7]


No Oidheadh ​​Chloinne Lir ("O destino dos Filhos de Lir"), as crianças são transformadas em cisnes por sua madrasta ciumenta, e vivem em forma de cisne com achegada dos cristãos, quando são convertidos, transformam-se novamente em sua forma humana, e morrem de velhice extrema.


O Tochmarc Etaine ("A corte de Etain") Conta a vida de Aengus desde sua concepção através do adultério de Dagda e Boann, mostra como Aengus ganhou o palácio Brú na Bóinne do marido de Boann, Elcmar. Fala das várias vidas de Etain, esposa de Midir, que se transforma em uma mosca e expulsa por ciúmes a primeira esposa de Midir, Fuamnach. E como Etain torna-se a companheira de Aengus em forma de inseto antes de Fuamnach mais uma vez leva-la para longe, mostra como ela foi engolida por uma mulher mortal e renasceu como sua filha. Sua beleza atraiu a atenção do Grande Rei, Eochaid Airem, que se casou com ela, mas, perdeu-a pelas magias e truques de Midir.


Há também um conto sobre Goídel Glas, o antepassado lendário das raças migratórios e criador da língua gaélica, como ele foi curado pela vara de Moisés de uma picada de cobra, relacionado no Lebor Gabála Érenn, embora Macalister afirmasse que foi ficção feita por glosadores[8]



Referências




  1. abcd James MacKillop, (2004), Dictionary of Celtic Mythology, (em inglês) New York: Oxford University Press, ISBN 9780198609674


  2. Marie Henri de Arbois de Jubainville; Richard Irvine Best (1903), The Irish mythological cycle and Celtic mythology (em inglês), Dublin: O'Donoghue p. 7


  3. ab Robert Alexander Stewart Macalister(1938), Lebor Gabála Érenn: The Book of the Taking of Ireland part I, (em inglês) Dublin: Irish Texts Society


  4. Katja Ritari, Alexandra Bergholm Approaches to Religion and Mythology in Celtic Studies (em inglês) Cambridge Scholars Publishing, 2009 p. 143 ISBN 9781443808767


  5. ab Eugene O'Curry Lectures on the Manuscript Materials of Ancient Irish History: Delivered at the Catholic University of Ireland, During the Sessions of 1855 and 1856 (em inglês) J. Duffy, 1878 p.243


  6. Sobre a primeira batalha existe um manuscrito original (TCD H 2,17); sobre a segunda batalha em Harl. 5280, e um RIA de 24 P 9 um pouco mais tarde (c. 1650). Veja site Scéla


  7. Robert Alexander Stewart Macalister(1941), Lebor Gabála Érenn: The Book of the Taking of Ireland part IV, (em inglês) Dublin: Irish Texts Society


  8. Robert Alexander Stewart Macalister(1939) Lebor Gabála Érenn: The Book of the Taking of Ireland part II, (em inglês) Dublin: Irish Texts Society





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